Por meio de nossas escolhas alimentares é possível reduzir o impacto ao meio ambiente, a biodiversidade e reduzir alterações climáticas.
A população mundial deve atingir 10 bilhões de pessoas até 2050. Só será possível fornecer alimentos para todos de forma saudável se passarmos por uma grande revolução na forma de produzir alimentos.
Recém-divulgada, e alinhada com os objetivos da ONU, uma pesquisa do Tony Blair Institute for Global Change, no Reino Unido, mostrou que para alcançar as metas da redução de emissão de carbono estabelecidas pela ONU – limitar o aquecimento global a 2 graus – são necessárias “imensas mudanças no estilo de vida”.
Por meio de uma dieta sustentável também é possível evitar a obesidade e doenças relacionadas como diabetes, colesterol alto e problemas arteriais.
Consumir orgânicos
O modelo vigente da agricultura abusa do uso de agrotóxicos, poluindo assim a água (rios, lençóis freáticos e os animais que vivem neles), o solo, além de ameaçar a saúde dos trabalhadores que manuseiam diretamente essas substâncias e de quem se alimenta destes alimentos. Você sabia que 28% dos alimentos comercializados têm quantidades de agrotóxicos acima do recomendado? Entre os alimentos com maior taxa estão pimentão, pepino, morango, cenoura e alface.
Mas não se trata apenas de agrotóxicos. Um produto orgânico é aquele livre de adubos químicos, drogas veterinárias, hormônios, elementos geneticamente modificados, corantes e aromatizantes. Não estamos falando apenas de vegetais. Também é possível obter carne e ovos orgânicos, por exemplo. No caso dos animais que produzem alimentos orgânicos, eles são alimentados com alimentos orgânicos também e vivem em locais mais espaçosos do que os animais submetidos à agricultura convencional.
As plantações de orgânicos também tem a característica de reter carbono e fixar nitrogênio no solo. Ainda sobre o solo, as plantações de orgânicos também evitam a erosão. Isso é muito importante pois é do solo que as plantas retiram a maior parte dos seus nutrientes. Atualmente, boa parte dos solos férteis no mundo já foi perdida e existem estimativas muito negativas para o futuro.
Solos ricos e balanceados com adubos naturais produzem alimentos mais saborosos e com maior valor nutritivo. Esses alimentos também possuem menor teor de água na sua composição, quando comparados com os alimentos convencionais, por isso os nutrientes ficam mais concentrados. Outro fator que influencia no potencial nutritivo do alimento é o fato dos produzidos de forma convencional ficarem estocados por mais tempo, o que leva a perda de nutrientes.
Outro diferencial dos orgânicos é que eles, normalmente, são colhidos poucos dias antes do consumo, e isso faz com que cheguem na sua mesa bem mais fresquinhos e com características naturais dos alimentos que crescem no seu devido tempo e local.
Não é só nos supermercados e feiras que vendem orgânicos. Atualmente existem diversos sites e empresas que fazem este trabalho de delivery.
Mas muitas pessoas dizem não comprar orgânicos devido aos altos preços. Já parou para pensar que isso é um investimento? Inclusive se você frequentar as feiras ou visitar assentamentos rurais é possível achar preços acessíveis, é só saber aonde buscar.
Outra ideia muito legal é ter uma hortinha em casa! Dessa maneira você terá uma experiência maravilhosa, conhecendo de onde vem sua comida, e consequentemente ter mais prazer em consumir os vegetais. Você também pode fazer as crianças terem contato com a natureza e conscientizá-las.
Caso não seja possível obter os orgânicos, uma segunda opção seria o consumo de alimentos da época, uma vez que necessitam de menos agrotóxicos do que os alimentos de fora da época.
Agora vamos a alguns números interessantes: o consumo de orgânicos no Brasil aumentou 20% nos últimos dois anos, segundo pesquisa divulgada pela Organis. Entre 2012 e 2018, triplicou o número de agricultores orgânicos cadastrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). E 75% deles são agricultores familiares. Por fim, você sabia que a estimativa é de que o Brasil use por ano 500 mil toneladas de agrotóxicos por ano?
Consuma menos carne
Você sabia que a produção de carne em escala global é um dos maiores contribuintes para o agravamento do efeito estufa? Isto porque a maior parte do desmatamento do nosso país é voltado para a pastagem do gado e produção de grãos. Grande parte do desmatamento da Amazônia é voltado para este fim. O problema não é apenas a carne, mas também leite e derivados.
Além disso, o processo de digestão da vaca e o da decomposição do estrume emite gás metano, um gás altamente poluente. Cada vaca produz cerca de 50 litros de excrementos por dia!
O interessante é que enquanto em alguns países a emissão de poluentes é baseada na queima de combustíveis fósseis, por aqui ela está atrelada ao desmatamento para pastagem.
Se você acha difícil reduzir o consumo de carne, tente deixá-la para ocasiões especiais, ou então para o final de semana apenas. Um estudo famoso chamado A Dieta Planetária sugere que a quantidade ideal de carne por semana é de 100 gramas, o que equivale a praticamente um bife.
Que tal adotar a segunda sem carne? Também é uma ótima maneira de mudar seus hábitos.
Os países da América do Norte consomem até 6,5 vezes a quantidade recomendada de carne vermelha. De acordo com o dossiê Comendo o Planeta, da Sociedade Vegetariana Brasileira, enquanto a produção de 1 quilo de vegetais emite, em média, de 1 a 2 quilos de gás carbônico, a de 1 quilo de carne chega a liberar 80 quilos desse gás. No caso da carne produzida em áreas desmatadas, está registrado que esse valor sobe para 440 a 700 quilos de CO 2. A diferença é, portanto, gritante.
Por isso é importante priorizar os vegetais. Mas muitas pessoas dizem consumir carne pelo fato de possuírem ótimas proteínas para a formação dos músculos. Segundo a nutricionista Alessandra Luglio, as proteínas da carne não são superiores à proteína vegetal. O segredo é mesclar alimentos (cereais, leguminosas, etc) que fornecem aminoácidos diferentes, resultando em uma proteína completa.
Reduzindo o consumo de carne você contribui para a diminuição da morte de milhões de animais (inclusive as galinhas, pensando no consumo de ovos) que vivem em condições precárias.
E o frango, peixes e ovos de galinha? Apesar de suas produções emitirem menos gases de efeito estufa o consumo deve ser moderado. O motivo é que a ração para eles vem da monocultura da soja que acarreta desmatamento, sobretudo no Cerrado.
Consuma alimentos locais
É cada vez menos comum as relações diretas entre produtores e consumidores.
Portanto, uma boa ideia é comprar alimentos em feiras. Assim há menor emissão de poluentes no transporte dos alimentos pois este é mais curto, ou seja, você está comprando diretamente com o produtor (que mora perto de você), sem intermediários.
Além de reduzir a poluição é possível encontrar alimentos mais baratos e outro grande benefício é a ausência de embalagens. Sem falar que estes alimentos são vendidos pouco tempo após a colheita, e diferentemente dos alimentos que ficam estocados dias nos supermercados, não há perda de nutrientes.
Ao fazer refeições em restaurantes pertencentes a grandes redes de fast food, saiba que você definitivamente não está consumindo alimentos da época, uma vez que a receita é igual para todas as unidades da rede e a produção é feita em condições climáticas distintas umas das outras.
Outro problema de favorecer as grandes redes é que elas obrigam os fornecedores a praticarem preços muito baixos, gerando menos empregos e lucros para os negócios locais.
Cultivos orgânicos necessitam de mais mão de obra, gerando emprego e renda aos que vivem longe das cidades.Ao consumir produtos feitos e vendidos na região, você colabora com que o dinheiro circule pela área, possa gerar novos empregos e fortaleça a economia local.
Opte por menos embalagens ou as mais sustentáveis
As embalagens possuem um papel importante na conservação do alimento, no transporte e na comunicação da marca com o consumidor. Porém, muitas embalagens são excessivas (com tamanhos desproporcionais), desnecessárias e de materiais não sustentáveis.
Boa parte dos ítens encontrados em lixões são embalagens, principalmente dos alimentos. Elas correspondem a um terço do lixo produzido em nossas casas. Portanto, opte sempre por alimentos com menos embalagens ou então pelas mais sustentáveis, como as de papel, vidro ou as que dizem ser biodegradáveis. As de papel pelo fato de serem de celulose, um material que se degrada com mais facilidade, e as de vidro por serem facilmente recicladas sem perda de qualidade e reutilizadas.
Vai levar um lanche para o trabalho? Leve em um pote de vidro ao invés do papel.
Mas o que seria, de fato, uma embalagem sustentável? Segundo a Associação Brasileira de Embalagens, embalagem sustentável é aquela que protege bem o conteúdo, é desenvolvida otimizando o uso de recursos naturais, não oferece riscos à saúde humana e possibilita o fechamento do ciclo posterior por meio da logística reversa.
Por que comprar frutas no supermercado e usar aquela sacolinha que vai parar dentro de outra sacolinha? Basta pesar no caixa sem nada. De qualquer jeito você vai lavar as frutas quando chegar em casa… Não faz sentido uma sacolinha a mais.
Ainda falando sobre supermercado, não esqueça de adquirir sua sacola retornável ou ecobag e assim evitar as sacolinhas de plástico no final do caixa. Outra boa dica para não consumir muitas embalagens é optar sempre pelos produtos com mais conteúdo, como por exemplo, opte pela garrafa de água sanitária de 5 litros ao invés da de 1 litro (assim você também economiza mais dinheiro pois sai mais barato).
Independentemente do tipo de embalagem que você comprar, tente sempre reutilizá-la ou então destiná-la à reciclagem. O fato dela ser biodegradável não pode servir de desculpa para o descarte incorreto. Ela é apenas uma forma de mitigar os impactos ambientais.
Existem inclusive embalagens inovadoras. Um exemplo legal é esta embalagem para melancias. Elas possuem um design funcional, que ao embalar o produto em uma caixa retangular, o processo de montar e empilhar para o transporte ficou mais fácil. Assim houve diminuição nas perdas e estimulação para o consumidor adquirir o produto.
Não deixe de conferir nosso post recente sobre embalagens sustentáveis!
Reduza o desperdício de alimentos
Cerca de um terço de todo alimento produzido vai parar no lixo. Boa parte desse desperdício acontece em nossas casas, portanto, você pode adquirir o hábito de fazer lista de compras antes de ir ao supermercado, comprar alimentos a granel e organizar as prateleiras da geladeira e do armário com os produtos comprados primeiro na frente.
Repensar o desperdício de alimentos em casa é uma das melhores formas de reduzir o impacto climático pessoal. Também é sempre importante ter em mente que 870 milhões de pessoas estão famintas diariamente.
Outros lugares muito comuns em que grande quantidade de alimentos são jogados no lixo são em cozinhas de hotéis e restaurantes. De acordo com uma pesquisa, o principal motivo pelo qual os hóspedes – até 41% – deixam comida no prato é que as porções são muito grandes.
Outra parte do desperdício acontece no próprio processo de produção dos alimentos. Por trás de qualquer alimento temos água, energia, embalagens, transporte e mão de obra.
Uma situação muito comum é que os varejistas estabelecem padrões estéticos para os produtos, e assim não compram os que possuem aparência diferente (recusando inclusive pequenos defeitos em frutas e legumes). Só isto já causa um desperdício muito considerável.
Quando um alimento é jogado fora numa residência, o impacto é pior do que um alimento jogado fora numa plantação. O motivo é que o primeiro houve gastos de energia e combustíveis com refrigeração e transporte.
Quando vão parar nos lixões, os restos de alimentos emitem gás metano durante seu processo de degradação. Trata-se de um gás com alto potencial de efeito estufa. Cerca de 10% de todas as emissões de gases de efeito estufa vem do descarte inadequado dos restos de alimentos.
As cascas de frutas e verduras são comumente jogadas fora. O que muitas pessoas não sabem é que elas possuem alto valor nutricional, muitas vezes maiores do que a própria polpa. Portanto, a dica aqui é reutilizar as cascas para fazer chás, doces e sopas, por exemplo.
Uma das maneiras mais eficientes de evitar o desperdício dos alimentos é a realização da compostagem. Não sabe o que significa o termo? Trata-se de uma técnica relativamente simples que transforma restos de alimentos em adubo por meio da ação de microrganismos. Nós do Ciclo Orgânico fazemos justamente isso. Porém, o diferencial é que temos um serviço de coleta domiciliar realizada de bicicleta (para não poluir o ar!) em que coletamos e transformamos os resíduos dos clientes em adubo, que é devolvido no final do mês para o cliente como forma de recompensa. Funciona por um sistema de assinaturas, confira o plano ideal para você clicando aqui.
Referências
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blog.racon.com.br/dicas-de-alimentacao-sustentavel-para-ajudar-o-meio-ambiente/
imr.pt/pt/noticias/alimentacao-sustentavel-um-passo-para-salvar-o-planeta
saude.abril.com.br/especiais/a-dieta-que-vai-salvar-voce-e-o-planeta/
cangurunews.com.br/alimentos-organicos/
anabarini.com.br/blog/e-possivel-alimentar-o-mundo-com-os-produtos-organicos/
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unep.org/pt-br/noticias-e-reportagens/reportagem/como-o-desperdicio-de-alimentos-esta-destruindo-o-planeta
brasil.un.org/pt-br/134649-reduzir-o-desperdicio-de-alimentos-e-uma-das-maneiras-mais-faceis-de-diminuir-o-impacto
wwforg.br/natureza_brasileira/reducao_de_impactos2/agricultura/desperdicio_de_alimentos/um_terco_a_menos/
oxfam.org.br/blog/desperdicio-de-alimentos-entenda-suas-consequencias/
partner.booking.com/pt-br/ajuda/guias/reduzindo-o-desperd%C3%ADcio-de-alimentos
nomadmercado.com.br/blog/consumo-local
caixacolonial.club/blog/6-razoes-para-voce-consumir-local-212/
tendaatacado.com.br/dicas/plastico-para-alimentos-dicas-de-como-reduzir-o-consumo/
fragmaq.com.br/blog/meio-ambiente/dicas-para-reduzir-o-consumo-de-embalagens-durante-as-compras/
blog.cicloorganico.com.br/sustentabilidade/saiba-quais-sao-as-embalagens-mais-sustentaveis/
Ótima matéria!
Muito bom os seus textos
Excelente texto, com informações importantíssimas.