O que é?
A desertificação é um processo de empobrecimento e diminuição do potencial biológico do solo, tendo em vista a diminuição da quantidade de água e nutrientes nele presentes . Uma das principais consequências desse fenômeno é a dificuldade de fixação da vegetação neste tipo de solo, tanto florestas naturais quanto plantações feitas pelos humanos.
A desertificação ocorre exclusivamente nos climas árido, semiárido e subúmido, regiões onde o solo é naturalmente mais frágil, com pouca água e pouca matéria orgânica (carbono). A retirada da cobertura vegetal é um dos principais fatores que agravam essa situação.
É muito comum na história do planeta regiões que mudam de clima, como ir do clima úmido ao árido e vice-versa. Porém, processos que levavam centenas de milhares de anos agora estão ocorrendo em 20, 30 anos – por ação antrópica. No caso da região semiárida brasileira, as secas costumam ocorrer a cada 26 anos, mas a ação humana poderá tornar o evento mais frequente.
Causas antrópicas
O fenômeno de empobrecimento do solo pode ser originado por condições climáticas naturais (processo que recebe o nome de desertização), ou seja, não derivam de ações humanas, como é o caso de muitos desertos que se formam a partir da pouca chegada de umidade devido a alterações em correntes marítimas.
Porém, neste texto vamos dar enfoque às ações humanas que causam a desertificação, como é o caso de irrigações mal planejadas, mal uso do solo, garimpos e expansão pecuária. Vamos mais a fundo nas duas causas abaixo:
Queimadas – um bom exemplo são as constantes queimadas na Amazônia que afetam o clima de outras regiões no Brasil e inclusive na América do Sul. O que acontece é que a vegetação transpira enormes quantidades de vapor d’água, ocasionando formação de massas úmidas que viajam milhares de quilômetros, gerando chuvas em regiões distantes. Sem a vegetação esse fenômeno fica comprometido e pode acarretar desertificação.
Desmatamento – além da mesma consequência das queimadas, que no caso é a diminuição de evapotranspiração, a retirada de cobertura vegetal também dificulta a infiltração de água no solo afetando os lençóis freáticos. O consequente encharcamento do solo, que também pode ser ocasionado por técnicas de irrigação inadequadas, aumenta a salinização e reduz a produtividade deste solo.
Vale lembrar que todas as consequências das ações humanas podem ser potencializadas por condições climáticas naturais, isto é, algumas regiões são mais suscetíveis ao processo de desertificação.
Mais consequências da desertificação
Outras consequências da desertificação são diminuição de biodiversidade (levando espécies a extinção), aumento de erosão e fluxos migratórios (com consequente inchaço nas cidades e pobreza).
No Brasil e no mundo
A desertificação está presente em aproximadamente 110 países (mais aproximadamente 15% da superfície terrestre) e afeta a vida de 250 milhões de pessoas! Seu principal foco de ocorrência são nas seguintes regiões do mundo: sudoeste dos Estados Unidos, Austrália, noroeste da China, Ásia central, Oriente Médio, norte e sul da África, nordeste do Brasil e oeste da América do Sul.
É errado dizer que o nordeste do Brasil é um deserto. O que se tem na verdade são núcleos de desertificação, que ocupam 13% da região semiárida, gerados por razões antrópicas. Vamos a alguns exemplos: no sul do Piauí, a região de Gilbués, foi uma área muito desmatada pela ação da mineração. A região é considerada um dos principais núcleos de desertificação do país! Já a região do Seridó apresenta características de desertificação devido a intensa extração de lenha.
O estado que mais sofre com o problema é o Piauí, que possui 71% do seu território com características de desertificação. Para se ter uma ideia, no nordeste existe um total de áreas afetadas maior do que o estado do Ceará.
É possível recuperar áreas desertificadas?
Sim, por meio da recuperação vegetal é possível recuperar a umidade na região, regularizando o ciclo hidrológico, e recuperando também os animais. No caso dos núcleos de desertificação do Nordeste citados acima, existem programas governamentais e ONGs locais que buscam recuperar a normalidade das regiões. Uma barreira é o alto custo de implementação desses projetos.
Projeto da Muralha Verde na Região do Sahel
A região do Sahel se localiza no continente africano na transição do deserto do Saara (clima árido) com as savanas (clima tropical), portanto seu clima é semiárido. O que acontece nesta região é que a atividade agrícola inadequada, aliada a um processo natural, que gerou a expansão do deserto do Saara em direção ao sul. As consequências foram a inviabilização da agricultura e a morte de meio milhão de pessoas por fome.
Assim sendo, surgiu uma das intervenções mais famosas em relação a recuperação de áreas desertificadas no mundo, chamada Muralha Verde, em 2007, regida pela União Africana. Trata-se de uma ideia que não envolve apenas reflorestamento, mas difusão de idéias relacionadas à prática de cultivo adequadas. O objetivo principal é a recuperação da área verde na região. O processo ainda está em vigor e possui metas de reflorestamento até 2030!
Referências
educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/desertificacao-causas-e-consequencias-do-mau-uso-do-solo.htm
mundoeducacao.uol.com.br/geografia/desertificacao.htm
mundoeducacao.uol.com.br/geografia/desertificacao-no-brasil.htm
fundaj.gov.br/index.php/documentarios-e-estudos-sobre-as-secas/10729-desertificacao-atinge-13-do-semiarido-brasileiro-e-ameaca-conservacao-da-caatinga