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A indústria da moda é uma das que mais poluem e consomem recursos no mundo. Assim sendo, é importante repensar o seu consumo de roupas.

Mas moda e meio ambiente podem sim andar lado a lado.

Ao aderir a moda sustentável, isto não significa que você não possa mais comprar roupas, mas sim, fazer isso de uma forma mais consciente.

Neste texto você verá que já existem diversas marcas aderindo ao novo conceito da moda sustentável e que o movimento não para de crescer.

Estar na moda hoje em dia vai muito além de usar o look da última tendência. Ser chique de verdade é ser sustentável.

Impactos da indústria da moda

A indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo, perdendo apenas para a indústria do petróleo.

Sabe aquela sua calça jeans? Pois é, até os materiais naturais acabam tendo enormes impactos: foram gastos 10.000 litros de água para produzir o algodão que constitui ela! Isto é o equivalente ao que uma pessoa bebe em 7 anos!

Plantação de algodão

A indústria da moda só perde para a indústria agropecuária quando o assunto é poluição e desperdício de água.

E, por fim, ela responde também por 20% das águas residuais do planeta. Ou seja, uma água que é devolvida à natureza contaminada por aditivos químicos.

A indústria da moda também é uma das que mais polui o ar (10% das emissões globais vem dela). Esta indústria polui mais do que os setores de transporte aéreo e marítimos juntos! E a tendência é de aumento – se nada mudar, as emissões da indústria devem crescer mais de 60% até 2030.

Outro enorme problema é o desperdício. Para se ter uma ideia, cerca de um caminhão de lixo cheio de roupas é queimado ou enviado para aterros a cada minuto. Isso é suficiente para encher mais de um prédio de 100 andares por dia de roupas descartadas.

Entendeu agora a importância de se pensar em novas formas de produção? Que tal conhecer algumas formas de se vestir sem causar impactos? Vamos refletir sobre as questões ambientais, morais e biosustentáveis?

O problema da fast fashion

Com novas coleções que prometem deixar as pessoas “na moda” há um constante descarte de roupas, uma vez que saem de moda, e que quase sempre não são reaproveitadas e vão parar nos lixões – estima-se que 500 bilhões de dólares são jogados no lixo por conta do descarte de roupas.

A fast fashion, como o nome já sugere, preza pela rapidez da produção e consumo.

O problema é que atualmente são lançadas novas coleções em um espaço de tempo muito curto, o que intensifica os impactos. Sabendo que o consumidor vai comprar uma peça nova na próxima coleção, as marcas não se preocupam em produzir um produto durável, o que intensifica ainda mais o descarte.

O fast fashion prioriza apenas a imagem e desvaloriza outros aspectos essenciais como questões éticas, sociais e ambientais.

Slow fashion: a solução

Em contrapartida ao consumo e poluição excessiva da fast fashion, recentemente surgiu um novo conceito, o slow fashion.

O objetivo do conceito é não sair por aí comprando desenfreadamente para ter um armário cheio de peças que muitas vezes nem são utilizadas. Aqui a prioridade é manter em seu guarda-roupa peças de qualidade e que você tem certeza que vai usar. Como o nome já sugere, é uma moda mais lenta, ou seja, com a produção têxtil feita sem pressa, sem descartes, em pequena e média escala e sem abraçar uma indústria que explora os trabalhadores.

O slow fashion procura valorizar cada etapa do processo de produção, desde insumos até a venda. Quem também sai ganhando são os microempreendedores que agregam valor ao seu negócio ao divulgar seus métodos de produção sustentáveis.

As peças de roupa do slow fashion são atemporais. Não saem de moda e podem ser usadas em qualquer época do ano. Assim são utilizadas por mais tempo, reduzindo o consumo.

Para aderir ao slow fashion é necessário pensar na qualidade, no melhor design e na matéria-prima. Opte por artigos que vão durar mais tempo, sejam fáceis de combinar com outras peças, confortáveis e que colaborem para a redução dos impactos ambientais durante a sua produção.

A fast fashion produz a matéria-prima em um país, a mão de obra fica localizada em outro e a roupa passa por diversos lugares até chegar nas lojas, isto acarreta em grandes emissões de CO2 com transporte. No slow fashion, a produção não envolve tantos transportes assim, por isso é mais sustentável.

Outros benefícios do slow fashion são: redução da emissão de poluentes, diminuição da quantidade de lixo gerada, produção de roupas mais duráveis e preocupação com o combate ao trabalho escravo, especialmente o infantil, logo condições de trabalho justas e prosperidade social e econômica. Outro benefício muito interessante é que o slow fashion cria um vínculo entre consumidor e a roupa.

O slow fashion também possui desvantagens. Com menor disponibilidade de matérias-primas, menos pessoas trabalhando para produzir as peças e utilização de produtos e tecnologias menos poluentes, o custo de produção aumenta consideravelmente. Consequentemente, o preço final das roupas é maior. Portanto, o público que consome roupas do slow fashion opta por pagar mais caro para ter um produto produzido com essa preocupação ambiental.

Até certo tempo atrás, a slow fashion era apenas uma tendência, porém, nos últimos anos ela vem se consolidando cada vez mais e propondo diversas mudanças. Cada vez mais as pessoas passam a se preocupar com os modos de produção das roupas e portanto há um novo mercado emergente neste cenário.

Moda vegana

Esta tendência preocupa-se em não utilizar produtos de origem animal na confecção das roupas. Apesar de não ter o mesmo significado da moda sustentável, tanto esta quanto a vegana visam combater a poluição, o desgaste ambiental, a exploração de animais, o trabalho escravo ou mal remunerado e o incentivo ao consumismo.

Consuma menos

Consumir menos é o que você pode fazer de mais útil para ser mais sustentável.

Se você tem 10 pares de meias, provavelmente não precisa de mais. Veja o que você realmente precisa e tenha apenas essas roupas.

Ou seja, comprar menos tem a ver com produzir menos e, por consequência, extrair menos, reduzindo as agressões ao planeta.

Compre roupas de marcas sustentáveis

Conhecer a empresa e a marca é fundamental para alimentar tipos de indústria sustentáveis.

Geralmente as marcas que adotam o slow fashion já divulgam esse posicionamento, mas em outras situações é necessário correr atrás das informações. Pois é, com a correria do dia a dia, pouco paramos para pensar em que condições as roupas que desejamos comprar foram feitas.

Antes de comprar roupas de uma marca específica, faça as seguintes perguntas:

Quem são os fornecedores?

Como é a mão de obra? Você sabia que muitas marcas de grife se instalam em países onde a mão de obra é barata? Muitos trabalhadores trabalham 14 horas por dia por um mísero salário. Assim as marcas conseguem produzir em larga escala.

Como é o descarte de resíduos?

Há utilização de materiais sustentáveis?

Existe um processo de logística reversa?

Essas perguntas podem ser feitas para os vendedores e também por mensagens de e-mail ou nas páginas das redes sociais da marca.

Portanto pergunte, pesquise e entenda a marca que você consome.

Compre roupas feitas a mão

As roupas feitas a mão vão contra a corrente fast fashion, perpetuando as técnicas manuais e tradicionais.

Compre roupas feitas localmente

Basta olhar na etiqueta onde a peça foi produzida. Dê preferência às produzidas no Brasil.

Marcas focadas na produção sustentável costumam utilizar a mão de obra locais, tanto para confecção das peças, quanto para a aquisição de matérias-primas. Isso incentiva o mercado brasileiro e fortalece pequenos produtores. Todo mundo ganha!

Compre roupas de qualidade

Muitas roupas foram feitas para durar pouco e servir na pessoa apenas enquanto aquele modelo está “na moda”.

Vá ao brechó ou troque suas roupas

Ir ao brechó é bom para o seu bolso, pois pagará mais barato (80% menos em relação a lojas tradicionais), e é bom para o meio ambiente, pois uma roupa que seria descartada pode ser reutilizada. Ao invés de se produzir uma roupa nova, você está dando continuidade ao ciclo de vida de uma peça antiga.

Se não houver um brechó por perto, que tal combinar de encontrar outras pessoas para assim vocês trocarem roupas entre si? Procure estes grupos nas redes sociais e no Whatsapp.

Outra ótima opção são os brechós on-line. Algumas dicas são PowerMarket, Reuse e Repassa

Você sabia que já existe também o Tinder da moda? O aplicativo se chama Roupa Livre. Nele você cadastra suas roupas e procura por outras de seu interesse. Quando uma pessoa gosta da sua peça e você gosta da dela, deu match!

Muitos produtores que seguem a filosofia do slow fashion são pequenos produtores locais. Quando você compra deles, está investindo na economia local, e se essas pessoas também gastarem seu dinheiro localmente, temos um ciclo positivo!

Os brechós estão crescendo cada vez mais no Brasil. Segundo dados da Agência Brasil. Os brechós cresceram 48% nos primeiros meses de 2020 e 2021.

Como produzir tecido de forma sustentável?

São diversas ações para diminuir a pegada ecológica das marcas. Alguns exemplos de iniciativas eco-friendly são tingimentos naturais, matéria prima sem uso de pesticida, e processos energeticamente eficientes.

Uma das principais medidas é a escolha do tecido. É importante que tanto no momento da produção, quanto no descarte do tecido não haja impactos como a poluição. Tecidos convencionais como poliéster e nylon possuem plástico em sua composição, além de serem derivados do petróleo, por isso devem ser evitados.

Existem outros tipos mais sustentáveis como cânhamo, linho, algodão orgânico, modal, seda de laranja e seda de soja. Estes tecidos possuem impactos muito menores do que os derivados do petróleo.

Outro material ecológico é o bambu. Além de não demandar pesticidas para crescer, requer 4 vezes menos água do que o algodão.

Ainda sobre o tecido, o tingimento deles é uma das atividades que mais polui água e solo. A moda sustentável escolhe maneiras naturais e atóxicas para o tingimento.

O que fazer com peças antigas e estragadas?

Se a sua roupa estragou, ao invés de logo de cara comprar uma nova, tente consertar – talvez você precise levá-la para uma costureira. Também existem diversos tutoriais na internet ensinando a consertar roupas.

Agora se você quer dar um destino para aquela roupa que você simplesmente não usa mais, o ideal é doar. Pode ser para algum amigo, familiar ou até mesmo uma instituição.

Outra opção interessante é vender e fazer uma graninha. Boas ideias são plataformas on-line ou brechós. Nos brechós você pode trocar por outra peça ou ganhar um crédito para escolher outras roupas.

Como organizar seu guarda-roupas?

Segundo a especialista Carmen Juliana o guarda roupa correto seria composto 50% de roupas clássicas, roupas lisas e de cores neutras como preto, branco, cinza e marrom, pois são peças que podem ser usadas várias vezes, independente da estação ou evento.

40% deve ser investido em acessórios, como colares, brincos, cintos, bolsas e sapatos. E 10% em peças fashionistas, que são da moda e que não se utilizam em qualquer evento.

Renove as suas roupas

Você pode transformar jaquetas em coletes, calças em shorts e estampar camisetas. Ah e você não precisa fazer com as próprias mãos, você pode contratar uma costureira.

Referências

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sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/slow-fashion-o-que-e-e-quais-as-suas-vantagens,5858675f1ef6f710VgnVCM100000d701210aRCRD

dicasdemulher.com.br/slow-fashion/

politize.com.br/slow-fashion-fast-fashion/

listenx.com.br/blog/slow-fashion/

blackpurpurin.com/slow-fashion-uma-alternativa-a-producao-em-massa/

ecommercenapratica.com/blog/slow-fashion/

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