5
(38)

Como surgiu a história dos Baldinhos

Fala galera! Meu nome é Thamyris Soliva, sou a namorada do Lucas Chiabi. E o meu objetivo neste artigo é compartilhar um pouco das experiências vividas ao lado do Ciclo Orgânico e a nossa história, como tudo começou. Fui uma das pessoas que está ao lado do Ciclo desde o início, vivi e aprendi muito – e continuo aprendendo todos os dias. Me considero uma pessoa de sorte por fazer parte de um projeto tão importante, e que ajudei de um modo direto. Lucas sempre foi uma pessoa esforçada, e que busca seguir o coração. Sempre em busca do que o faz feliz de modo pessoal e profissional. Acredito que pessoas assim são raras, que simplesmente não ficam paradas no sonho, correm atrás e realizam. Enfim, temos uma linda história para compartilhar com vocês!

Desde pequeno, Lucas Chiabi sempre foi apaixonado por plantas, bikes e tudo que era relacionado à… lixo! Isso mesmo, algo que ninguém enxergava valor, ele percebeu como uma fonte interminável de criatividade e riqueza. E nessa época um dos seus sonhos era se tornar motorista de caminhão de lixo, para que pudesse fazer o que bem quisesse com os resíduos. Com o passar dos anos, a sua paixão foi aumentando cada vez mais e o levou a cursar engenharia ambiental na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Lá ele descobriu e aprendeu muitas coisas sobre agroecologia e assim surgiu o interesse sobre compostagem, e foi amor à primeira vista!

 

Compostagem - Ciclo Orgânico

Arquivo pessoal Ciclo Orgânico

Em 2013 participou do grupo de mutirão de agroecologia na faculdade, lá pôde colocar a mão na massa e assim a sementinha da compostagem começou a brotar. Anos depois, começou a estagiar em uma empresa chamada VideVerde, em Magé, onde trabalhou com compostagem em larga escala, aprendendo bastante sobre o assunto e o despertou, ainda mais, a vontade de trabalhar com resíduos orgânicos…Mas, de um jeito diferente!

 

Lucas Chiabi - Ciclo Orgânico

Arquivo pessoal Ciclo Orgânico

Lucas sempre foi pirado na compostagem, sempre que tinha tempo estava vidrado em livros, séries, vivências agroecológicas… Tudo que o envolvia de um modo direto com a natureza! Já perdi a contagem das vezes que fui para o meio do mato acampar, ficar no meio dos mosquitos e bichos peçonhentos, para que ele pudesse participar das atividades. Nunca fui ligada à natureza de modo direto, mas sempre curti assuntos relacionados à animais e plantinhas. Porém, com o tempo, tudo foi mudando. E ainda dizem que santo de casa não faz milagre! Risos.

E assim surgiu uma ligação forte com a natureza e a preocupação ambiental. Com o passar do tempo, a angústia com o descarte incorreto dos resíduos, sejam eles reciclados ou orgânicos, foi aumentando cada vez mais. Até virar uma dor – sim, doía –  ver as pessoas,  e inclusive na própria casa, jogando os resíduos orgânicos na lixeira. Mas, o que um universitário – sem grana – de engenharia poderia fazer? Qual seria a solução? Ele trouxe A SOLUÇÃO para um problema que antes não era visto como uma preocupação ambiental direta para o meio ambiente! Além disso, antes mesmo de trazer a ideia de modo efetivo, na prática como uma empresa, ele sempre falava para os amigos e até para os parentes sobre o que ele iria fazer da vida – coletar e compostar resíduos orgânicos em residências – e muitas pessoas riram dele no início. E já viu onde ele chegou? O amor pela compostagem fez ele ir além do que ele mesmo imaginava, e obviamente o apoio da família e o meu também – cof,cof, cof – também ajudou bastante. =)

 

Lucas Chiabi - Ciclo Orgânico

Arquivo pessoal Ciclo Orgânico

Num domingo de sol, em 2015, estávamos eu (Thamyris) e Lucas no quarto. Eu estava sentada na cama lendo, como de costume, o Jornal O Globo, especificamente o caderno Boa Chance. E ele sentado no chão, lendo sobre compostagem, diga-se de passagem: devorando pela quarta vez, o mesmo livro. E aí me deparei com um pequeno texto, no qual dizia algo relativo à empreendedorismo e achei que seria uma boa escolha para o Lucas aprender mais sobre o assunto, já que ele sonhava em trabalhar na área de compostagem, mas não sabia como! E eu – super empolgada – fui logo abrindo a boca e falando sobre o assunto – e ele continuava vidrado na leitura, nem prestando atenção – contando sobre o fato e disse para ele se inscrever nas aulas, insistindo sobre a ideia. Acredita que ele não me deu bola porque só queria saber de compostagem? Tsc. Logo eu, a rainha da teimosia, o inscrevi mesmo assim. E o resultado, queridos amigos, vou explicar tu-di-nho!

Algumas semanas depois,após a inscrição, Lucas foi chamado pelo programa Shell Iniciativa Jovem. Ele achava que era aula de empreendedorismo, como eu havia falado, e na verdade era pra criar uma empresa (Como assim?! – a reação de Lucas, e a minha também!). Imagina só, abrir uma empresa! Compostagem!

E assim foram quase 365 dias na correria, sem finais de semana, sem tempo pra nada, mau dava pra ir a algum lugar sem falar sobre o assunto. Algo que não mudou muito hoje em dia.

Enfim, ocorreram diversas etapas de classificação, trabalhos, planos de negócios, faculdade, namoro – eu também conto! hunf. -, amigos. Um turbilhão de responsabilidades crescendo a cada dia que se passava! Imagina só, um jovem de 24 anos construindo uma empresa e ainda estudando, e tentando ter uma vida social! Foi uma loucura, ele estudava de manhã, ia para o estágio à tarde e fazia coleta na casa dos amigos à noite e ainda tinha que planejar a futura empresa também à noite, mega cansado. Graças a Deus sobrevivemos! Parece impossível, mas foi e é possível.

Os dias foram exaustivos, chegando em momentos que ele não aguentava mais tanta pressão. Chegou a desistir e eu sempre dizia a mesma resposta “Não!!! Você chegou até aqui e agora vai cair fora? Tá louco? Você vai conseguir sim!!!”

Muito suor, choro, força de vontade, cansaço, poucas horas de sono. Quando dava, dormia 5 horas e já era muito! Eu, que sempre o acompanhei de perto, presenciava ele adoecer várias vezes, de não sair da cama, já que trabalhava muito e o corpo dele pedia socorro. Valeu a pena? É claro! E isso é sinônimo de determinação, garra e coragem! Empreender em nosso país não é fácil. Mas estamos dando conta do desafio!

E o resultado desse mega esforço foi ter ganhado, em 2015, o 1º Lugar no programa Shell Iniciativa Jovem, e no ano seguinte, ganhou em 2º lugar na maratona de negócios do SEBRAE.

 

Lucas Chiabi - Ciclo Orgânico

Shell Iniciativa Jovem 2015

O Ciclo Orgânico nasceu no ano de 2015, com o sonho de desconstruir a mágica do lixo, no qual as pessoas não veem para onde os seus resíduos vão – os famosos aterros sanitários ou lixões – , e mostrar a essas pessoas que podemos sim tratar os nossos resíduos e ver para onde eles vão e o que processo de tratamento que passam até se tornarem fonte de vida – adubo. Com isso, os colaboradores podem ver todo o processo, desde a coleta até o produto final do próprio resíduo orgânico. Somos a primeira empresa do Brasil com esse sistema de coleta de bicicleta em casa, e com baldinhos para separar os resíduos.

Entretanto, até chegarmos onde estamos, enfrentamos diversas dificuldades. O Ciclo começou dentro de casa, onde eu entregava os baldinhos e o Lucas realizava as coletas. Os baldinhos eram comprados de pequenos vendedores, que pegavam os baldes de margarina e creme de leite em padaria e os revendiam pra gente. Imagina uma pessoa dentro do metrô, levando vários baldes sujos e com cheiro de creme de leite passado do tempo, e toda suja, já que os carregava até chegar em nosso trabalha (em casa!). Outro ponto complicado era que nem sempre o senhor João – que nos vendia o balde – tinha o “estoque” que precisávamos, ou seja, sem balde, sem cliente. Gastávamos tempo e energia, um limpava o balde e o outro passava removedor e lixa para limpá-los. Além de os nossos adesivos serem desenhados à mão e impressos em papel adesivo. Que fase! Risos. E a nossa primeira bike? compramos em uma feira, na zona norte do Rio, a bicicleta mais velha que tinha, e a levamos de metrô – já imaginou? Então, é sério.

Não tínhamos espaço, nem um escritório para reunião. Nem mesmo o lugar para guardar a nossa primeira bike, e assim, começamos utilizar a garagem do prédio…até sermos convidados a sair!!! Risos. Enfim, são inúmeras histórias a serem compartilhadas desde o nascimento do Ciclo Orgânico. Se quiserem saber ainda mais a continuidade destas histórias, coloque em nossos comentários. 🙂

Ah, como sempre ocorre em diversos casos, muitos se surpreenderam com o modelo de negócio que deu certo, e assim foi replicado em outros estados do país.

Co-criar uma sociedade sem lixo é um desafio, mas nós sonhamos alto e acreditamos que a mudança pode sim ser alcançada. E neste ano, esperamos duplicar a quantidade de clientes e ciclistas, além de expandir o atendimento para mais bairros do RJ. Continuaremos sim inovando e melhorando a cada dia os nossos serviços, para que todos tenham sempre orgulho de compartilhar que Fecha o Ciclo com a gente! E isso nos traz um orgulho imenso, o nosso coração transborda de felicidade.

Já contamos com 4 ciclistas e mais de 400 baldinhos pela cidade do Rio de Janeiro. Juntos, mudamos o destino de mais de 70 toneladas de resíduos orgânicos, evitamos mais de 50 toneladas de CO2 na atmosfera!

Compartilhe a sua história com a gente em nossos comentários e como conheceu o Ciclo. Ficaremos felizes em saber mais sobre você!♥

Junte-se a nós por uma comunidade sem lixo! #FecheOCiclo

 

Lucas Chiabi - Ciclo Orgânico

Arquivo pessoal Ciclo Orgânico

 

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 5 / 5. Número de votos: 38

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.